sábado, 10 de dezembro de 2016

"CALAI-VOS, MISERÁVEIS"!

As injustiças sociais têm demandado esforços imensuráveis de profetas, filósofos, escritores, oradores, poetas e sábios: antigos, modernos, sagrados e profanos, considerando-as nas suas reflexões, como insana causadora da infelicidade da maioria do povo. A primogênita filha dessas injustiças, a ganância – desejo intenso de bens e riquezas tem levado nações e povos a aceitarem um tipo de escravidão disfarçada chamada de “oportunidade”, ou cartas marcadas.
De fato, a miséria do povo parece que nunca vai ter fim.  Vejamos, estamos agora no século oitavo Antes de Cristo, ai por volta do ano 760, um homem do campo, chamado de Amós, seduzido por Deus abandona sua vida tranqüilo no reino do Sul e vai para o reino do Norte denunciar as injustiças sociais cometidas por esse reino. Não satisfeito ainda com as acusações especificas relacionadas às duras penas da sociedade na qual se inseriu Amós também dar nomes aos causadores dessas injustiças: a elite dominante. Assim denunciava o Profeta Amós: 2, 6-7: Porque vendem o justo por dinheiro e o necessitado pelo par de  sandálias; pisoteiam os fracos no chão e desviam o caminho dos pobres! No capitulo 5, 7-10: Amós atinge a espinha dorsal do sistema: Ai dos que transformam o direito em veneno e atiram a justiça por terra. Eles odeiam os que defendem o justo no tribunal e têm horror de quem fala a verdade.
A doutrina política e econômica que conhecemos como socialismo, afirmam alguns, que surgira no final do século XVIII, com o intuito de transformar a sociedade a partir de uma profunda reforma social considerando a distribuição por igual das riquezas e das propriedades. François Noël Babeuf, jornalista Frances, sugeriu na época um paradigma que posteriormente serviu aos movimentos de esquerda que o adotaram como opção política, porém, sem lastro teológico e utópico.
Babeuf nutriu-se das leituras de Rousseau, Mably e Diderot para elaborar suas próprias idéias, as quais tratavam de igualdade e coletivização das terras. Foi, portanto, cuidando da situação de miséria da grande maioria da população do seu País e do seu próprio processo psicológico consciente real – vivência – que ponderou para os primeiros passos do socialismo. No “Manifesto dos Iguais” escreveu Babeuf (1796): “Desde a própria existência da sociedade civil, o atributo mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposição, mas nem uma só vez pôde ver-se convertida em realidade: a igualdade nunca foi mais do que uma bela e estéril ficção da lei. E hoje, quando essa igualdade é exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: "Calai-vos, miseráveis"! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos com a igualdade relativa: todos vós sois iguais em face da lei. Que quereis mais, miseráveis? Que mais queremos? “Legisladores, governantes, proprietários ricos; é agora a vossa vez de nos escutardes”.
Lendo “O príncipe” de Maquiavel, agucei a minha atenção no capitulo IX, o qual trata “Do Principado Civil”, donde voa aos nossos olhos a seguinte pérola: “o povo não quer ser governado nem oprimido pelos grandes, porém estes desejam governar e oprimir o povo”. A sentença faz com que voltemos os nossos sentidos à promessa da natureza – igualdade, necessidade essencial a existência do homem. De modo que se não formos solidários uns com os outros dificilmente sobreviveremos à hostilidade da terra. Gentilmente pela natureza fomos dotados de gestos sublimes à moral e a legitimidade da igualdade, porém, recebemos também, com especial liberalidade em exponencial profusão os fluidos da ganância. De modo, que é preciso estabelecer equilíbrio sem que necessário seja opor força a força

Fonte: O livro de Amós – Bíblia Sagrada.

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