As injustiças sociais têm demandado
esforços imensuráveis de profetas, filósofos, escritores, oradores, poetas e
sábios: antigos, modernos, sagrados e profanos, considerando-as nas suas
reflexões, como insana causadora da infelicidade da maioria do povo. A primogênita
filha dessas injustiças, a ganância – desejo intenso de bens e riquezas tem
levado nações e povos a aceitarem um tipo de escravidão disfarçada chamada de
“oportunidade”, ou cartas marcadas.
De fato, a miséria do povo parece que
nunca vai ter fim. Vejamos, estamos
agora no século oitavo Antes de Cristo, ai por volta do ano 760, um homem do
campo, chamado de Amós, seduzido por Deus abandona sua vida tranqüilo no reino
do Sul e vai para o reino do Norte denunciar as injustiças sociais cometidas
por esse reino. Não satisfeito ainda com as acusações especificas relacionadas
às duras penas da sociedade na qual se inseriu Amós também dar nomes aos causadores
dessas injustiças: a elite dominante. Assim denunciava o Profeta Amós: 2, 6-7:
Porque vendem o justo por dinheiro e o necessitado pelo par de sandálias; pisoteiam os fracos no chão e
desviam o caminho dos pobres! No capitulo 5, 7-10: Amós atinge a espinha dorsal
do sistema: Ai dos que transformam o direito em veneno e atiram a justiça por
terra. Eles odeiam os que defendem o justo no tribunal e têm horror de quem
fala a verdade.
A doutrina
política e econômica que conhecemos como socialismo, afirmam alguns, que surgira
no final do século XVIII, com o intuito de transformar a sociedade a partir de
uma profunda reforma social considerando a distribuição por igual das riquezas
e das propriedades. François Noël Babeuf, jornalista Frances, sugeriu na época
um paradigma que posteriormente serviu aos movimentos de esquerda que o adotaram
como opção política, porém, sem lastro teológico e utópico.
Babeuf nutriu-se
das leituras de Rousseau, Mably e Diderot para elaborar suas próprias idéias,
as quais tratavam de igualdade e coletivização das terras. Foi, portanto,
cuidando da situação de miséria da grande maioria da população do seu País e do
seu próprio processo psicológico consciente real – vivência – que ponderou para
os primeiros passos do socialismo. No “Manifesto dos Iguais” escreveu Babeuf
(1796): “Desde a própria existência da sociedade
civil, o atributo mais belo do homem vem sendo reconhecido sem oposição, mas
nem uma só vez pôde ver-se convertida em realidade: a igualdade nunca foi mais
do que uma bela e estéril ficção da lei. E hoje, quando essa igualdade é
exigida numa voz mais forte do que nunca, a resposta é esta: "Calai-vos,
miseráveis"! A igualdade não é realmente mais do que uma quimera; contentai-vos
com a igualdade relativa: todos vós sois iguais em face da lei. Que quereis
mais, miseráveis? Que mais queremos? “Legisladores, governantes, proprietários
ricos; é agora a vossa vez de nos escutardes”.
Lendo “O príncipe” de Maquiavel,
agucei a minha atenção no capitulo IX, o qual trata “Do Principado Civil”,
donde voa aos nossos olhos a seguinte pérola: “o povo não quer ser governado
nem oprimido pelos grandes, porém estes desejam governar e oprimir o povo”. A
sentença faz com que voltemos os nossos sentidos à promessa da natureza –
igualdade, necessidade essencial a existência do homem. De modo que se não
formos solidários uns com os outros dificilmente sobreviveremos à hostilidade
da terra. Gentilmente pela natureza fomos dotados de gestos sublimes à moral e
a legitimidade da igualdade, porém, recebemos também, com especial liberalidade
em exponencial profusão os fluidos da ganância. De modo, que é preciso
estabelecer equilíbrio sem que necessário seja opor força a força
Fonte: O
livro de Amós – Bíblia Sagrada.
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