Parece paradoxo, mas não
é. Porquanto, há um bem no mal assim como há um mal no bem, princípios
particulares em tese, antagônicos por natureza, porém muito próximos e por
assim dizer quase gêmeos. Quantas vezes dizemos que algo é mal quando é parte
daquilo que desejamos, mas não podemos atingir-lo por circunstância momentânea
adversa; no entanto, quando essa adversidade é superada e aquilo que era desejo
torna-se algo real, embora passageiro, exultamos como um grande bem, o que antes
era um extraordinário mal. No entanto, há de se buscar no passado do homem essa
assertiva que determina essa verdade, se é que é verdade ou vontade de uma
verdade. O bem não é uma força e menos ainda o mal, talvez uma disposição, uma
propensão, ou uma inclinação, mas nada, efetivamente nada lhes conferi
potencialidade, quando muito, apenas uma imagem refletida num plano muito
básico do espírito humano. Já foi dito pelos antigos, que essas duas intenções
de força produziram tão somente, no homem, um terrorismo avassalador que inibiu
por anos a fio o discernimento do verdadeiro com seus mitos que só escravizaram,
com suas tradições criadas a partir da não verdade, com os dogmas religiosos
que alimentaram com o sangue dos crédulos à dominação, e por via destes,
tolheram vergonhosamente os ganhos e os avanços reais da sociedade em todos os
segmentos. Por causa desse erro grosseiro, criaram-se monstros/heróis, deuses
omissos, cidadãos sem cidadania e pátria de patrões. Criaram-se ainda espectros
de homens, mas não lhes deram o direito de escolha; instituiu-se a não verdade
e como prêmio pelo feito, veio o consumo de ideais mortas; edificou-se uma nova
babel, mas estranhamente sem o devido endereço.
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