sábado, 22 de novembro de 2025

POEMA – MÃE DE LEITE

           Dedicado à minha Mãe, Severina   Lucena de Morais, Mãe de Leite de dezenas de crianças de São Mamede, minha terra, além dos seus 11 filhos.



“O leite é feito de sangue”

A partir de uma filtragem,

Embora não seja sangue,

Mas sangue e leite interagem

De forma significativa

Numa belíssima imagem.


Ao processar a filtragem

Ações extraordinárias

Extraem água e nutrícios

Pelas glândulas mamárias

Glicose, aminoácidos

E as gorduras primárias.


Assim, sintetize o leite

De maneira natural,

Alimento necessário

À formação estrutural

Dos mamíferos, que inclui

Um esqueleto axial.


Pra composição do leite

Conforme as regras normais

O sangue fornece a água

E gorduras especiais,

Proteínas e Lactose

E abundantes minerais.


Quem amamenta se doa,

Partilha algo valioso:

A vida buscando a vida

Num quadro maravilhoso,

Que nem Picasso matiza

Tão grande amor copioso.


As amas de leite levam

Nos seios a vida, provida

De amor para além do bem

E da razão comovida,

Dando-se a realidade

À preservação da vida.


No dia 20 de outubro,

No segundo mês das flores

Corria o ano de 22,

Desperta os céus com louvores,

Cantando Ave Severina

Eram os anjos cantores.


Foi Severina, a Divina

Ama de sublime amor

Dos filhos e mãe de filhos

Que buscavam seu favor,

Nos seios fartos do leite

Santamente, alentador.


Era a Madonna Lactans

Daquele sertão sofrido

Onde só a misericórdia

D’um coração comovido

Carregado de bondade,

Para o bem oferecido. 


Amamentou fartamente

Seus 11 filhos no peito,

Ama nutriz de dezenas

De filhos, que com efeito,

Sorriam-lhe com os olhos

D’um Divino satisfeito.


Fez do doar-se uma prática

De servir e ser servida

Continuo de fé ardente

Numa verdade vivida

Em se dando recebendo

pra celebração da vida.



Mário Bento de Morais 

terça-feira, 4 de novembro de 2025

SÃO MAMDE - FOI ASSIM.


Eras o amparo das dores antigas 

E dos sonhos, que se foram tolhidos

Por injuções de classes e oprimidos

Na origem por quimeras inimigas...

 

Motivados por status reprimidos,

No ego rude da estirpe, as fadigas

Históricas por vias das intrigas

Dos velhos desejos jamais vencidos.

 

E nas ruas sob a luz do fracasso

As ideias de poder sem espaço

Poluíam o espaço descolorindo,

 

A lucidez fecundada no povo,

Que se permite conhecer o novo,

Para encontrar o futuro sorrindo.

 

Mário Bento de Morais

 

SÃO MAMDE


Berço distinto de fidalga gente

Que recebera a posse da amizade

Decorosa por gentil humildade

De coração fecundo, sorridente!

 

Eia! Pousada de sonho à igualdade,

Forjada no recôncavo da mente

Refletida no convívio presente

Vibrando no seio da intimidade.

 

Lembro-me dos retorcidos caminhos

Das sinuosas veredas sem fim

Esquecidas nos velhos pergaminhos;

 

Lembro-me das ruas, ai que desejo!

Impregnado de saudades em mim

Pulsando nesse peito sertanejo.

 

 

Mário Bento d Morais