Dedicado à minha Mãe, Severina Lucena de Morais, Mãe de Leite de dezenas de crianças de São Mamede, minha terra, além dos seus 11 filhos.
“O leite é feito de sangue”
A partir de uma filtragem,
Embora não seja sangue,
Mas sangue e leite interagem
De forma significativa
Numa belíssima imagem.
Ao processar a filtragem
Ações extraordinárias
Extraem água e nutrícios
Pelas glândulas mamárias
Glicose, aminoácidos
E as gorduras primárias.
Assim, sintetize o leite
De maneira natural,
Alimento necessário
À formação estrutural
Dos mamíferos, que inclui
Um esqueleto axial.
Pra composição do leite
Conforme as regras normais
O sangue fornece a água
E gorduras especiais,
Proteínas e Lactose
E abundantes minerais.
Quem amamenta se doa,
Partilha algo valioso:
A vida buscando a vida
Num quadro maravilhoso,
Que nem Picasso matiza
Tão grande amor copioso.
As amas de leite levam
Nos seios a vida, provida
De amor para além do bem
E da razão comovida,
Dando-se a realidade
À preservação da vida.
No dia 20 de outubro,
No segundo mês das flores
Corria o ano de 22,
Desperta os céus com louvores,
Cantando Ave Severina
Eram os anjos cantores.
Foi Severina, a Divina
Ama de sublime amor
Dos filhos e mãe de filhos
Que buscavam seu favor,
Nos seios fartos do leite
Santamente, alentador.
Era a Madonna Lactans
Daquele sertão sofrido
Onde só a misericórdia
D’um coração comovido
Carregado de bondade,
Para o bem oferecido.
Amamentou fartamente
Seus 11 filhos no peito,
Ama nutriz de dezenas
De filhos, que com efeito,
Sorriam-lhe com os olhos
D’um Divino satisfeito.
Fez do doar-se uma prática
De servir e ser servida
Continuo de fé ardente
Numa verdade vivida
Em se dando recebendo
pra celebração da vida.
Mário Bento de Morais