FREI MARTINHO JANSWEID, nasceu no dia 5 de dezembro de 1876, na cidade de Colônia Alemanha, não temos dados sobre os seus pais e adolescência, apenas do seu ingresso, aos 18 anos idade, atraído pelos ensinamentos do Santo de Assis, na Ordem Franciscana dos Frades Menores, em 13 de maio de 1894. Na ordem manifestou um intenso sentimento religioso adquirido por influência das obras de São Francisco de Assis. O seu ardor vocacional, a ledice à catequese revelada e o amor ao próximo, levaram os superiores da Ordem na Alemanha, com apenas dois meses de noviciado, a lhe transferirem para região norte do Brasil. Contudo, foi num convento da Bahia, que estudou Filosofia e Teologia, ordenando-se sacerdote em 22 de dezembro de 1900, aos 24 anos de idade. Rito Sagrado da ordenação conferindo o Sacramento da ordem, fora realizado pelo Arcebispo primaz Dom Jeronimo Tomé da Silva.
Ordenado sacerdote, chegou à Paraíba no ano de 1911, transferido pelos superiores da ordem Franciscana dos Frades Memores no Brasil. Na filha Das Neves, fora recebido pelo Arcebispo da Paraíba, Dom Adauto de Miranda Henriques, sem alarde como era seu hábito e sem pompas como lhe era afeito. Acolhido com a hospitalidade cristã dos Paraibanos, logo se devotou ao Colégio Seráfico Santo Antônio, ao qual, ofereceu-lhe outro nome, que representava muito bem o seu projeto – Escola Apostólica – que veio se servir num prédio contiguo a Santa Igreja de São Pedro Gonçalves, na nossa Filipéia. Com Espirito Franciscano, uma fé inabalável e uma vontade férrea de um grande pescador de almas, Frei Martinho não se ateve a apenas a Escola Apostólica, mas a propagar a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, promovendo retiros e missões para levar a divina palavra a todos principalmente, as pessoas que viviam nos mais distantes recantos da Paraíba. O mensageiro da fé em Jesus Cristo, para cumprir os seus compromissos e suas pregações, deslocava-se pelos caminhos da Paraíba, sempre sobre o lombo de um cavalo, pois não havia recursos de transporte viária, além do mais, as poucas estradas de terra que haviam na Paraíba eram quase intransitáveis, às vezes, fazia o percurso a pé, enfrentando as adversidades do sertão castigado desde os mais longínquos tempos.
Em suas andanças missionarias, nos retiros espirituais, Frei
Martinho atraia adeptos à reflexão da fé. A Missão Evangelizadora como partilha
da mensagem de Jesus Cristo com o mundo; pois, assim disse Jesus em Marcos
16:15, “Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda Criatura”. Frei Martinho
cumpria arrisca a ordem de Jesus, pregava o Evangelho e construía Igrejas. E
foi assim, recém chegado à Arquidiocese da Paraíba no ano em 1911, que logo deu
início a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Bairro de
Jaguaribe João Pessoa. E, enquanto tocava a construção da Igreja do rosário,
simultaneamente outras quatro construções de igrejas também se realizavam,
todas dedicadas à Nossa Senhora da Conceição. Em São Mamede, Taperoá,
Itaporanga e Barra de Santa Rosa, além das construções belíssimas dessas
Igrejas, legou ao povo Paraibano e Cearenses 17 Fraternidades Franciscanas. As
Fraternidades fundadas em solo Paraibana foram: a de Cajazeiras, São João do
Rio Peixe, Sousa, Catolé do Rocha, Itaporanga, comunidade Torrão do Janúncio,
que em 1936, recebeu o nome Frei Matinho; as comunidades de Pombal e a de
malta, não progrediram na fé e foram extintas. Sobre as Fraternidades fundadas
no vizinho Estado do Ceará, por Frei Martinho, não tenho informações probas,
que permita-me passar adiante.
O guerreiro da fé, Frei Martinho, em outubro
de 1927, foi a Piancó com o desejo ardente, como sempre fizera em sua
trajetória aqui na Paraíba, de fundar naquela comunidade uma Fraternidade
Franciscana, mas logo se deu conta de que um clima de dissensões intensa e
estável, pairava entre dois membros da mesma instituição e comunhão, a Igreja
Católica, esta que persegue a fio o mesmo objetivo: o de anunciar a todos o
evangelho e conduzir os pecadores a Jesus Cristo. A dissensão era entre os
Padres Aristides Ferreira da Cruz e Padre Manoel Otaviano de Moura Lima. O
padre Aristides, não respeitava o celibato, exigência para os Padres da Igreja
Católica, de modo que vivia maritalmente com mulher e filhos. Terminou sendo
assassinado sangrado pela coluna Prestes em fevereiro de 1926, ali mesmo em
Piancó; Padre Manoel Otaviano, faleceu em 11 de abril de 1960, também em
Piancó.
A efervescência missionaria de Frei Martinho
pelas Comunidades da Paraíba, o espirito inquieto à propagação do Evangelho, a
resiliência firme à fé, foram fulcros à homenagem do povo do Curimataú
Paraibano, quando em 26 dezembro de 1961, a comunidade Frei Martinho, que antes
se chamou de Torrão do Janúncio, fora emancipada, agora município – demonizado
de Frei Martinho, justo láurea.
Sobre as datas das edificações das Igrejas, a
de Nossa Senhora do Rosário, teve iniciou em 1911; temos também uma provável
informação sobre a obra da Igreja de Nossa Senhora da Conceição em São Mamede.
A minha avó materna Rosa Galdino de Lucena, ainda estava lúcida, quando em
conversas contava pra gente, seus netos, eu era um dos seus ouvintes, que nasceu
em 1906 em São Mamede. Época em que se deu início a construção da Igreja de
Nossa Senhora da Conceição. Nas histórias que contava, ela e outras
adolescentes da comunidade, incentivadas pelos próprios pais, iam ao Rio
Sabugy, ali bem próximo, com pequenas vasilhas, para pegar areia material
imprescindível à construção; conforme minha Vó, ela havia acabado de fazer 13
anos de idade, portanto, dá para se imaginar, que a Igreja de Nossa Senha da
Conceição em São Mamede, teve início aí por volta de 1919. Ainda sobre fatos
ocorridos durante a construção, ela contava também, que Frei Martinha, certo
dia estava observando e orientando os trabalhos dos pedreiros, quando um deles
ao pegar um tijolo para fazer o assentamento na parede, sofreu um machucão e soltou
um palavrão. De pronto Frei Martinho o repreendeu, o pedreiro pediu desculpou e
em seguida, o Frei pediu para o pedreiro descartar aquele tijolo e o
destruísse, porque aquele tijolo não podia mais fazer parte daquela obra Santa.
O que de imediato fora feito pelo pedreiro.
A minha mãe, Severina Lucena de Morais, nasceu
em 20 de outubro de 1922, em São Mamede, era filha de Rosa Galdino de Lucena e
de Venâncio Evangelista dos Santos, meus avós maternos. A minha Vó, Rosa
Galdino, casou-se aos 13 anos de idade, em 1919, no mesmo ano em que carregou
areia para construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e, aos 16 foi mãe
da minha mãe, primogênita, que pela graça de Deus fora batizada por Frei
Martinho, no fim 1922, do qual tornou-se uma devota fervorosa.
O incansável arquiteto pela fé, Frei Martinho
Jansweid, filho do Deus Vivo, durante 19 anos esteve à frente das construções
das Igrejas, dos retiros e das ações missionarias. Algumas Igrejas como a de
São Mamede, a de Taperoá e a de Barra de Santa Rosa, ou foram finalizadas ou
semifinalizadas por ele. Uma das Igrejas que não foi realmente finalizadas, por
Frei Martinho, foi a Igreja de Itaporanga, que ficou na altura do altar. A
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em João Pessoa, foi concluída no ano de 1929,
um ano antes de sua morte.
No período da Pascoa de 1930, o anjo de Deus
aqui na terra, Frei Martinho, fora alvo de uma fortíssima gripe, que o
impossibilitou de continuar com a sua missão, que era oferecer aos pecadores
uma casa de orações para se aproximarem de Deus. Porém, sentindo a sensação de
que algo ia acontecer, decidiu voltar à João pessoa, no entanto, o seu intenso
estado de febre o obrigou fazer uma parar em Soledade, sendo, por conseguinte,
acolhido pelo Provincial Frei Amadeu, que finalmente o conduziu à capital. No dia
26 de julho de 1930, o arcebispo que o recebeu em 1911, Dom Adauto de Miranda
Henriques entregou-lhe a bênção e dele se despediu. No dia 27, Frei Martinho,
ainda teve forças para pedir a extrema-unção e o Santo Viático em seguida
perdeu os sentidos e no dia 28 de julho de 1930, morreu aos 54 anos, destes 35
de vida Franciscana e 30 anos de ministério presbiteral, o seu corpo descansa
em paz na cripta da Igreja do Rosário, no Bairro de Jaguaribe, onde recebe
visitas dos seus fieis o ano todo.
João pessoa – Paraíba, 02 de maio de
2025.
Mário Bento de Morais
Referências bibliográfica:
Textos de Hilton Gouveia – Jornal União e outros do
mesmo autor;
História de domínio popular em São Mamede;
Textos da internet analisados para fazerem parte deste
trabalho;
A fotografia de Frei Martinho, arquivos de minha Mãe –
Severina Lucena de Morais;