sábado, 10 de maio de 2025

FREI MARTINHO JANSWEID - TUDO PELO EVENGELHO DO SENHOR JESUS CRISTO.



   

FREI MARTINHO JANSWEID, nasceu no dia 5 de dezembro de 1876, na cidade de Colônia Alemanha, não temos dados sobre os seus pais e adolescência, apenas do seu ingresso, aos 18 anos idade, atraído pelos ensinamentos do Santo de Assis, na Ordem Franciscana dos Frades Menores, em 13 de maio de 1894. Na ordem manifestou um intenso sentimento religioso adquirido por influência das obras de São Francisco de Assis. O seu ardor vocacional, a ledice à catequese revelada e o amor ao próximo, levaram os superiores da Ordem na Alemanha, com apenas dois meses de noviciado, a lhe transferirem para região norte do Brasil. Contudo, foi num convento da Bahia, que estudou Filosofia e Teologia, ordenando-se sacerdote em 22 de dezembro de 1900, aos 24 anos de idade. Rito Sagrado da ordenação conferindo o Sacramento da ordem, fora realizado pelo Arcebispo primaz Dom Jeronimo Tomé da Silva. 

Ordenado sacerdote, chegou à Paraíba no ano de 1911, transferido pelos superiores da ordem Franciscana dos Frades Memores no Brasil. Na filha Das Neves, fora recebido pelo Arcebispo da Paraíba, Dom Adauto de Miranda Henriques, sem alarde como era seu hábito e sem pompas como lhe era afeito. Acolhido com a hospitalidade cristã dos Paraibanos, logo se devotou ao Colégio Seráfico Santo Antônio, ao qual, ofereceu-lhe outro nome, que representava muito bem o seu projeto – Escola Apostólica – que veio se servir num prédio contiguo a Santa Igreja de São Pedro Gonçalves, na nossa Filipéia. Com Espirito Franciscano, uma fé inabalável e uma vontade férrea de um grande pescador de almas, Frei Martinho não se ateve a apenas a Escola Apostólica, mas a propagar a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, promovendo retiros e missões para levar a divina palavra a todos principalmente, as pessoas que viviam nos mais distantes recantos da Paraíba. O mensageiro da fé em Jesus Cristo, para cumprir os seus compromissos e suas pregações, deslocava-se pelos caminhos da Paraíba, sempre sobre o lombo de um cavalo, pois não havia recursos de transporte viária, além do mais, as poucas estradas de terra que haviam na Paraíba eram quase intransitáveis, às vezes, fazia o percurso a pé, enfrentando as adversidades do sertão castigado desde os mais longínquos tempos. 

Em suas andanças missionarias, nos retiros espirituais, Frei Martinho atraia adeptos à reflexão da fé. A Missão Evangelizadora como partilha da mensagem de Jesus Cristo com o mundo; pois, assim disse Jesus em Marcos 16:15, “Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda Criatura”. Frei Martinho cumpria arrisca a ordem de Jesus, pregava o Evangelho e construía Igrejas. E foi assim, recém chegado à Arquidiocese da Paraíba no ano em 1911, que logo deu início a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Bairro de Jaguaribe João Pessoa. E, enquanto tocava a construção da Igreja do rosário, simultaneamente outras quatro construções de igrejas também se realizavam, todas dedicadas à Nossa Senhora da Conceição. Em São Mamede, Taperoá, Itaporanga e Barra de Santa Rosa, além das construções belíssimas dessas Igrejas, legou ao povo Paraibano e Cearenses 17 Fraternidades Franciscanas. As Fraternidades fundadas em solo Paraibana foram: a de Cajazeiras, São João do Rio Peixe, Sousa, Catolé do Rocha, Itaporanga, comunidade Torrão do Janúncio, que em 1936, recebeu o nome Frei Matinho; as comunidades de Pombal e a de malta, não progrediram na fé e foram extintas. Sobre as Fraternidades fundadas no vizinho Estado do Ceará, por Frei Martinho, não tenho informações probas, que permita-me passar adiante.

O guerreiro da fé, Frei Martinho, em outubro de 1927, foi a Piancó com o desejo ardente, como sempre fizera em sua trajetória aqui na Paraíba, de fundar naquela comunidade uma Fraternidade Franciscana, mas logo se deu conta de que um clima de dissensões intensa e estável, pairava entre dois membros da mesma instituição e comunhão, a Igreja Católica, esta que persegue a fio o mesmo objetivo: o de anunciar a todos o evangelho e conduzir os pecadores a Jesus Cristo. A dissensão era entre os Padres Aristides Ferreira da Cruz e Padre Manoel Otaviano de Moura Lima. O padre Aristides, não respeitava o celibato, exigência para os Padres da Igreja Católica, de modo que vivia maritalmente com mulher e filhos. Terminou sendo assassinado sangrado pela coluna Prestes em fevereiro de 1926, ali mesmo em Piancó; Padre Manoel Otaviano, faleceu em 11 de abril de 1960, também em Piancó.

A efervescência missionaria de Frei Martinho pelas Comunidades da Paraíba, o espirito inquieto à propagação do Evangelho, a resiliência firme à fé, foram fulcros à homenagem do povo do Curimataú Paraibano, quando em 26 dezembro de 1961, a comunidade Frei Martinho, que antes se chamou de Torrão do Janúncio, fora emancipada, agora município – demonizado de Frei Martinho, justo láurea.

Sobre as datas das edificações das Igrejas, a de Nossa Senhora do Rosário, teve iniciou em 1911; temos também uma provável informação sobre a obra da Igreja de Nossa Senhora da Conceição em São Mamede. A minha avó materna Rosa Galdino de Lucena, ainda estava lúcida, quando em conversas contava pra gente, seus netos, eu era um dos seus ouvintes, que nasceu em 1906 em São Mamede. Época em que se deu início a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Nas histórias que contava, ela e outras adolescentes da comunidade, incentivadas pelos próprios pais, iam ao Rio Sabugy, ali bem próximo, com pequenas vasilhas, para pegar areia material imprescindível à construção; conforme minha Vó, ela havia acabado de fazer 13 anos de idade, portanto, dá para se imaginar, que a Igreja de Nossa Senha da Conceição em São Mamede, teve início aí por volta de 1919. Ainda sobre fatos ocorridos durante a construção, ela contava também, que Frei Martinha, certo dia estava observando e orientando os trabalhos dos pedreiros, quando um deles ao pegar um tijolo para fazer o assentamento na parede, sofreu um machucão e soltou um palavrão. De pronto Frei Martinho o repreendeu, o pedreiro pediu desculpou e em seguida, o Frei pediu para o pedreiro descartar aquele tijolo e o destruísse, porque aquele tijolo não podia mais fazer parte daquela obra Santa. O que de imediato fora feito pelo pedreiro.

A minha mãe, Severina Lucena de Morais, nasceu em 20 de outubro de 1922, em São Mamede, era filha de Rosa Galdino de Lucena e de Venâncio Evangelista dos Santos, meus avós maternos. A minha Vó, Rosa Galdino, casou-se aos 13 anos de idade, em 1919, no mesmo ano em que carregou areia para construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e, aos 16 foi mãe da minha mãe, primogênita, que pela graça de Deus fora batizada por Frei Martinho, no fim 1922, do qual tornou-se uma devota fervorosa.

 O incansável arquiteto pela fé, Frei Martinho Jansweid, filho do Deus Vivo, durante 19 anos esteve à frente das construções das Igrejas, dos retiros e das ações missionarias. Algumas Igrejas como a de São Mamede, a de Taperoá e a de Barra de Santa Rosa, ou foram finalizadas ou semifinalizadas por ele. Uma das Igrejas que não foi realmente finalizadas, por Frei Martinho, foi a Igreja de Itaporanga, que ficou na altura do altar. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário em João Pessoa, foi concluída no ano de 1929, um ano antes de sua morte.

No período da Pascoa de 1930, o anjo de Deus aqui na terra, Frei Martinho, fora alvo de uma fortíssima gripe, que o impossibilitou de continuar com a sua missão, que era oferecer aos pecadores uma casa de orações para se aproximarem de Deus. Porém, sentindo a sensação de que algo ia acontecer, decidiu voltar à João pessoa, no entanto, o seu intenso estado de febre o obrigou fazer uma parar em Soledade, sendo, por conseguinte, acolhido pelo Provincial Frei Amadeu, que finalmente o conduziu à capital. No dia 26 de julho de 1930, o arcebispo que o recebeu em 1911, Dom Adauto de Miranda Henriques entregou-lhe a bênção e dele se despediu. No dia 27, Frei Martinho, ainda teve forças para pedir a extrema-unção e o Santo Viático em seguida perdeu os sentidos e no dia 28 de julho de 1930, morreu aos 54 anos, destes 35 de vida Franciscana e 30 anos de ministério presbiteral, o seu corpo descansa em paz na cripta da Igreja do Rosário, no Bairro de Jaguaribe, onde recebe visitas dos seus fieis o ano todo.

 

João pessoa – Paraíba, 02 de maio de 2025.

 

Mário Bento de Morais

 

Referências bibliográfica:

 

Textos de Hilton Gouveia – Jornal União e outros do mesmo autor;

História de domínio popular em São Mamede;

Textos da internet analisados para fazerem parte deste trabalho;

A fotografia de Frei Martinho, arquivos de minha Mãe – Severina Lucena de Morais;